segunda-feira, 24 de junho de 2013

               


              Quando estou na pior, tenho o péssimo hábito de querer ficar pior ainda. Tenho o mau-costume de ficar remoendo a dor, futucando, tirando casca para ver se dói mais. E só quando me arde por dentro. Só na hora que sinto o estômago colar e não consigo controlar as lágrimas é que parece que estou bem. Só quando destruo todos os pensamentos bons e só consigo ver o lado péssimo da coisa é que fico satisfeita. Gostaria de entender de onde vem esse pessimismo que está entranhado em mim. Não fui assim sempre. Sinto falta das ilusões. Sinto falta da inocência. Sinto falta de mim, quando não via tanta maldade em tudo. Gosto de culpar os outros. Fica mais fácil. Mas o que eu gostaria de saber mesmo é quando vai zerar. Não dizem que pagamos o que fazemos? Então tá. Nunca fui flor que se cheirasse. Então uma hora essa conta tem que bater. Tem que zerar. As coisas têm que parar de dar errado. Será que falta muito? Para mim já deu, já tá equilibrada a balança. Mas, sei lá, devo ter esquecido de jogar algo na conta. Quem bate esquece, não é? 

Para tudo que eu quero descer.

         Ser bipolar está meio que na moda nos últimos tempos. É engraçado, acordar mal- humorado, xingar todo mundo e até o meio dia estar tudo bem. Chega ser "fofinho" uma hora estar bem outra péssima. Quando se analisa friamente as redes sociais o que mais se vê são pessoas extremamente tristes ou entusiasticamente felizes. Espera, tem algo errado. A geração prozac já passou (nessas alturas o prozac nem faz mais efeito). Estamos vivendo uma geração vítima da rede social e parece que está tudo bem!
        Estamos inseridos num momento em que as decisões giram em torno de: "como vai ficar o meu perfil se", "o que vão comentar se eu postar isto", "quantos curtirão meu momento depressão do dia". Queria  muito estar exagerando (um outra qualidade/defeito que carrego), mas não. Eu faço parte deste meio. Estou vendo todos os dias. É como se a medida fosse feita baseada na quantidade de gente que movimenta sua página. Se você está feliz, você posta fotos alegres, sorrisos, festas.... Quando triste, frases dramáticas beirando ao suicídio. 
          Você consegue medir o relacionamento de alguém, pela quantidade de fotos que são postadas: "Nossa, fulano tirou a foto de capa com o namorado (a), estão balançados", "beltrana não tá comentando mais nada no perfil do namorado, devem ter brigado." Em contrapartida, quem está do outro lado fica meio sem saber  como se comportar, pois um post "errado" e todos vão perceber o que está acontecendo.
           De repente, me sinto como se morássemos todos num só condomínio. Eu sei da sua vida, você sabe da minha. E se você não me falar onde esteve eu descubro pois te marcaram em outro perfil!!! Li um texto outro dia que falava sobre esse vício. E fui me identificando com 99% da lista (o 1% eu não aceitei que também me identificava). Parece que pirei um pouco depois do choque de realidade. 
         Como tornar o vício numa ferramenta útil, de uso moderado para trabalho e um pouco de lazer? A sensação que tenho é que o tempo está sendo medido de forma diferente. E eu quero que parem, eu quero descer. Eu quero usar meu tempo de forma melhor. Eu quero meu lazer fora da internet. Eu quero curtir animais, paisagens fora. Eu quero não me preocupar se não tirei foto de um momento mágico, porque eu tenho certeza que vai ficar gravado em minha memória.
               Os passos dos Alcoólatras Anônimos é o mínimo para essa situação. "Um dia de cada vez." Está piegas? Beirando o ridículo? Pode ser, mas estou um pouquinho satisfeita pois estou assumindo e querendo agir de forma diferente. Então estou na sua frente!