Fico a me questionar o porquê dos homens serem tão espaçosos. E como eu sou adepta da teoria da conspiração, acredito piamente que isso é um complô da parte deles para, simplesmente nos tirarem do sério. No mínimo eles estão fazendo um curso por correspondência: "Como matar minha parceira de raiva." Curso esse com dois módulos: 1) Seja espaçoso o suficiente para aborrecê-la; 2) Finja de sonso, isso irá matá-la. Só pode. Devem fazer parte de uma organização secreta e com fins lucrativos, afinal e o churrasco da pelada de sábado? Alguém tem que pagar! E o pior é que eles fazem uma cara de que, realmente não tem culpa de nada! Absolutamente nada.
O adepto dessa organização, talvez até chefe da diretoria: meu namorado. Tem um talento enorme em me deixar profundamente irritada. A última dele foi incrível.
Enquanto estávamos terminados ele arranjou uma namorada. Ok. Namorou 6 meses apenas e já havia se instalado na casa da infeliz. Sim, bastaram 6 meses para deixar, toalha, escova de dentes, revistas, bermuda, e sabe-se Deus o que mais pra trás. Como se não bastasse, ela também deixou várias "coisinhas" na casa dele. Onde já se viu, que mundo é esse onde pessoas quase desconhecida (ah não venha me dizer que com seis meses dá para ser tão íntimos assim), já "deixam" as coisas na casa do outro! Bem, isso uma opinião pessoal.
Quando nós voltamos ele, meio que inocentemente (faz parte da associação deles parecerem inocentes), me contou que ela havia ligado para saber como pegaria as coisas e vice-versa. Disse enfaticamente: "Isso é desculpinha. Eu sei bem como essas coisas funcionam." Fui controladíssima com essa frase, por que minha vontade era dizer: "Manda para o inferno, manda queimar, some com tudo, não quero saber de você falando com ela e muito menos você ir até lá para devolver nada. O raio que a parta." Masss, como eu sou uma cândica criatura, uma alma boníssima falei assim: "Amor, faça o que você achar melhor". Tenho certeza que nesse momento faíscas saíam dos meu olhos, e se olhar direitinho um veneno brotava no canto da boca! Mas, eles não percebem!
Não se tocou mais no assunto e os dias foram passando, vez por outra eu perguntava: "Amor, já devolveu as coisas de fulana?" E a resposta era sempra mesma: "Não, ela não ligou mais, as coisas dela estão lá em casa, quando ela mandar pegar eu entrego." (mandar pegar eu entrego, não, quando mandar pegar fala que não quer devolver... que resposta mais idiota meu Deus do céu.).
Quase dois meses se passaram e estava eu no computador e ele jogado na cama ao meu lado, aí um amigo grita na rua. Ele foi atender, rapidinho entrou e foi para o outro quarto, e mexe pra lá, mexe pra cá, barulho porta batendo, gaveta abrindo e eu nem me toquei em o que poderia ser. De repente ele volta, com uma escova de dentes na mão. Pára na porta, dá uma cheiradinha na escova e diz: "Você acha que eu devo jogar essa escova fora? Nossa, ela jogou perfume em tudo."
Nesse momento eu desejei ter uma pedra, não pedra não, um quebrador de gelo, para espetar o meio da cara dele! O que era aquilo que eu estava vendo? Ele estava cheirando a escova? Olhei para ele totalmente incrédula, um olhar de medusa (bem que ele poderia ter virado uma estátua de pedra naquela hora). Ele fez de novo aquela carinha de coitado e disse, I N O C E N T E M E N T E: "Ah amor, pára com isso." Pára com isso? "Pára com isso o que?" Disse eu aos berros. "Eu por acaso falei alguma coisa?"